A LINHA DE RUMO: O AMOR ALÉM DO SANGUE
outubro 26, 2018
"A pessoas acham que os únicos qualificados a lhe ensinar algo sobre a vida são os que partilham de suas crenças. Na verdade, é o contrário."
- A Linha de Rumo, cap. 9
Nota: este post não contêm spoilers do livro, porém pode conter traços do livro para a construção dessa resenha que o leitor pode ou não considerar spoiler.
Nascidas com algumas horas de diferença, Leigh e Marlena são primas e melhores amigas que nunca passaram mais do que algumas horas longe uma da outra. Um dia, em que as duas combinam de se encontrar na casa de Leigh, Marlena sobre um acidente grave e fica em coma no hospital. Pela primeira vez, Leigh se vê sem a melhor amiga e com diversos dramas familiares para lidar.
A trama é ambientado, em sua maioria, no hospital, onde Leigh se recusa a sair sem Marlena. Também vemos alguns flashbacks em que vemos melhor a interação das primas e com os outros personagens. Apesar de passar a maior parte da história em coma, Marlena é muito presente na narração através das memórias de Leigh e de outros personagens, como Lúcia, outra prima das duas meninas; Iris, a melhor amiga; e Dalila, a irmã mais nova de Marlena.
No início da história, a doutora Anna Maria, responsável pelo caso de Marlena, revela para a família que Marlena e Leigh foram trocadas na maternidade. A sinopse dá a impressão de que mais do assunto será discutido ao longo da narração, uma vez que uma troca de bebês em uma família dividida deveria causar mais impacto e discussões, mas os conflitos são resolvidos de forma rápida e dura. É esperado que a revelação tivesse separado mais a família, que foi dividida em anos antes em outro drama familiar que descobrimos mais tarde, mas isso não acontece, assim como o contrário não acontece também.
É visível o amor de Leigh por Marlena, mas também percebemos como relação delas é de codependência -- como é admitido por ambas. A narração é focado nos pensamentos da protagonista, seus devaneios sobre Marlena e os momentos decisivos da adolescência que elas compartilharam, e apenas no final vemos mais ações e independência de Leigh, conforme o livro passa da monotonia do hospital para um vislumbre de aventura adolescente com Iris e Leigh. Ainda sim, o relacionamento de Leigh e Marlena é o ponto forte desse livro; como o amor delas vão além do sangue e as relações (quase inexistentes) familiares, como almas gêmeas, e forma como elas lidam com os assuntos uma da outra, sempre apoiando uma a outra e se respeitando quando ninguém mais da família o faz.
A personalidade das duas são bem fortes no livro, apesar de vermos Marlena pelas lentes de outros personagens. Em um momento, elas imaginam como seriam se não tivessem sido trocadas na maternidade e como seria ser a mesma pessoa, mas ser a outra. A personalidade de cada uma acrescenta para a relação delas; Marlena é a extrovertida, enquanto Leigh é mais introvertida. Leigh tem mais independência e certeza do futuro do que Marlena, que teve mais estabilidade do que a prima. Isso contribui para o universo em que elas vivem, sendo da mesma família e ainda sim serem de mundos completamente diferentes que se colidem por essa ligação.
A personalidade das duas são bem fortes no livro, apesar de vermos Marlena pelas lentes de outros personagens. Em um momento, elas imaginam como seriam se não tivessem sido trocadas na maternidade e como seria ser a mesma pessoa, mas ser a outra. A personalidade de cada uma acrescenta para a relação delas; Marlena é a extrovertida, enquanto Leigh é mais introvertida. Leigh tem mais independência e certeza do futuro do que Marlena, que teve mais estabilidade do que a prima. Isso contribui para o universo em que elas vivem, sendo da mesma família e ainda sim serem de mundos completamente diferentes que se colidem por essa ligação.
Um ponto conflitante no livro é a confiança em que os personagens mirins, como Dalila, irmã de Marlena, discursa em alguns momentos com uma certeza madura; ou como é Leigh que resolve de forma muito simples os conflitos do núcleo adulto, apesar deles terem uma tendência de não ligarem muito para a opinião das crianças. Ainda sim, o livro mostra diversas dinâmicas familiares em uma mesma família e o leitor consegue se identificar em diversos momentos ao passo que conhecemos cada familiar das duas.
"A Linha de Rumo" é uma leitura simples e rápida sobre amizade e como a família vai além da família de sangue, também como o sangue não justifica laços. Giulia Santana acertou ao publicar esse livro como seu primeiro romance, mostrando o potencial de escrever temas fortes de uma maneira que não sobrecarrega o leitor e que traz uma mensagem linda no final.
Título: A Linha de Rumo
Autora: Giulia Santana
Editora: Independente
Ano: 2018
Nota: 4/5
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